Iniciativa da revista Arquitetura & Construção, quarta edição do prêmio registrou 409 inscrições, 68 finalistas e 23 vencedores
Evento escolheu os melhores projetos nacionais de arquitetura em 23 categorias, na noite do último dia 31, em São Paulo
A seleção da quarta edição do prêmio O Melhor da Arquitetura contou com 409 projetos inscritos, dos quais, 68 chegaram a final. Os finalistas foram submetidos ao voto popular entre 9 de agosto e 19 de setembro, além de receberem um julgamento técnico de nove jurados. A premiação pretende destacar a criatividade dos profissionais, os projetos inovadores, as soluções sustentáveis e os aspectos técnicos e estéticos de projetos arquitetônicos.
Os profissionais podem se inscrever em até dez categorias. Nesta quarta edição, a novidade são as subcategorias Edifícios Institucionais – Indústria e Residencial – e Reforma de casa ou apartamento.
As homenagens foram entregues em uma cerimônia realizada no Memorial da América Latina, na Barra Funda. Entre os autores dos melhores trabalhos, o Studio MK27 recebeu três prêmios e os escritórios gruposp e GCP Arquitetos, dois, cada.
Conheça alguns dos projetos premiados:
Categoria: Residencial – Praia
Projeto: Casa Paraty
Escritório: Studio MK27
Abraçada pela vegetação nativa, esta casa reúne soluções criativas e sustentáveis imaginadas pelo Studio mk27. As pedras usadas na obra vieram do terreno, em Paraty, RJ. A água, de uma fonte no local. Já o lixo produzido no canteiro foi reciclado. Em comunhão com essa aura ecológica, os moradores chegam de barco e caminham até a construção, de 840 m², por uma ponte metálica sobre um espelho-d’água forrado de cristais. Graças ao vão livre de 27 m com amplas janelas de vidro, avista-se a praia da ala social, distribuída no volume inferior. O superior abriga os dormitórios. Formados por gravetos de eucalipto, painéis retráteis protegem a área íntima contra sol e contrastam com o concreto armado aparente das paredes. Pequenos pátios internos têm iluminação zenital. Todas as coberturas são mirantes para a natureza.
Categoria: Condomínios Residenciais – até cinco pavimentos ou 3 mil m²
Projeto: Condomínio Baleia GD8
Escritório: Studio Arthur Casas
Neste condomínio na praia da Baleia, em São Sebastião, SP, as boas ideias surgiram da necessidade de aproveitar bem a largura dos lotes (entre 14 e 16 m). O segredo do Studio Arthur Casas, de São Paulo, foi criar unidades desalinhadas e investir na verticalização das casas. Assim, projetadas em diversos níveis, as quatro moradias poderiam desfrutar de privacidade e oferecer vista privilegiada da praia em todos os ambientes. No lugar do terraço, comum nas construções litorâneas, uma espaçosa sala de estar se abre para a paisagem por meio de amplas esquadrias de vidro, que induzem a ventilação cruzada e dispensam o uso de refrigeração artificial. Ao lado da cobertura verde, da madeira certificada e da valorização de materiais do local, o recurso realça a preocupação ambiental do conjunto, distribuído numa área de 4 mil m².
Categoria: Condomínios Residenciais – acima de cinco pavimentos ou 3 mil m²
Projeto: Edifício Simpatia
Escritório: gruposp
Marcado por elementos simples e pontos de cor, o desenho do Edifício Simpatia, assinado pelo escritório gruposp, explorou a topografia acidentada do terreno por meio da ocupação em dois blocos. No superior, definido pelo autores como aéreo, distribuem-se os apartamentos, no inferior, arraigado, ficam as áreas comuns e as garagens. Tudo junto soma 3 mil m². Entre os dois blocos, uma laje livre acessada por uma passarela proporciona visão para a rua de trás. Com disposições diferentes, os apartamentos possuem múltiplas formas de ocupação. A flexibilidade também se expressa no jeito aleatório das aberturas de cada um deles nas faces norte e sul. Dispostos em toda a extensão do pé-direito, imensos painéis de vidro deixam a claridade natural iluminar os ambientes e garantem ventilação constante.
Categoria: Intervenção Urbana
Projeto: Estação Cidade Nova
Escritório: JBMC Arquitetura & Urbanismo
Implantada em via elevada no centro do Rio de Janeiro, junto ao pátio ferroviário, a estação de 6 121 m² liga duas linhas da malha metroviária. Faz parte do projeto do escritório paulista JBMC Arquitetura & Urbanismo a passarela de 207 m de extensão, sustentada por três arcos entrelaçados, que une os sistemas de metrô e ônibus. Feita toda de metal – opção que se traduziu em rapidez e evitou desperdício –, a obra se aproveitou de ideias sustentáveis para garantir conforto aos usuários: ventilação e iluminação naturais, telhas do tipo sanduíche e brises que controlam a entrada de luz. Além disso, a estação conta com sistema de reutilização de água da chuva e energia solar. Até a pintura automotiva dos arcos foi executada na fábrica para não poluir o canteiro de obras. No final das contas, a escolha levou à redução do custo total.
Categoria: Edifícios Comerciais – até quatro pavimentos ou 500m²
Projeto: Galeria Concreta
Escritório: GCP Arquitetos
Localizada no bairro paulistano Alto de Pinheiros, a construção de 168 m² faz jus ao nome, da forma ao material predominante. Estruturada sobre colunas de tubos de aço e vigas que servem de pórticos e apoios para a fachada de vidro, o mezanino e as escadas, a galeria desenhada pelo escritório GCP Arquitetos, de São Paulo, tem o corpo composto de uma caixa de concreto armado. Rasgos de vidro, na fachada frontal e nas laterais, permitem farta entrada de luz natural e abrem vitrines para a rua. Um pátio descoberto facilita a circulação e aumenta ventilação no interior, enquanto o mezanino concentra as áreas administrativas, podendo ser revertido em local de exposição. Além de escultural, o edifício incorpora estratégias sustentáveis, como a coleta de água da chuva, que é tratada e reutilizada nos banheiros.
Categoria: Edifícios Institucionais – Saúde
Projeto: Unidade Perdizes – Hospital Albert Einstein
Escritório: Levisky Arquitetos Associados
Com cinco pavimentos e cinco subsolos, esta unidade criada dentro do conceito de humanização hospitalar, solicitada pela instituição ao escritório Levisky Arquitetos Associados, de São Paulo, ocupa com 20 mil m² de área construída um lote de esquina de 2 500 m² na capital paulista. A face frontal do edifício se divide em duas fachadas de vidro grafite serigrafado e insulado, escolhas adequadas para o conforto térmico. O recurso ainda compõe mosaicos que dialogam com a situação urbana do entorno, a de um bairro residencial. Painéis verticais nos setores de espera e de circulação valorizam e sinalizam as áreas de convívio. As lajes se repartem em dois setores paralelos, delimitados pelo núcleo de escada e elevadores: a parte da frente concentra os ambientes sociais, enquanto a área posterior reúne as alas de serviço.
Para modernizar a área de 200 m² num edifício paulistano e adequá-la às atividades de suporte e novos negócios da empresa, o escritório Sergio Camargo Arquitetos Associados, de São Paulo, investiu na criação de um espaço único, com poucas divisões. A principal delas é a sinuosa parede de tijolos aparentes que delimita a sala de reuniões e o auditório. O traço sustentável veio do uso racional de materiais e revestimentos certificados, luminárias de baixo consumo e aproveitamento de elementos existentes. Em busca de uma espacialidade ao mesmo tempo clara, integrada e flexível, os profissionais decidiram remover o forro de gesso, as antigas luminárias e os dutos do ar-condicionado. Com essa solução simples, deixaram à vista a bela estrutura do prédio: a laje maciça e a viga de concreto aparente apoiada em pilares duplos.
Com 633 m², o orquidário projetado pelo paulista Decio Tozzi no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, é um tributo à antropóloga Ruth Cardoso (1930-2008). A homenagem começa no tema – Ruth adorava flores, especialmente as orquídeas – e se estende ao traço adotado pelo projeto, que menciona um dos principais objetos de seu trabalho na forma do edifício, uma grande oca inspirada nas culturas construtivas africana, indígena e pré-colombiana. A estrutura de aço, vidro e plástico é vazada por claraboias que permitem a entrada controlada de luz. Uma abertura zenital mantém a ventilação permanente, condição importante para o cultivo das espécies. Implantada 1,50 m abaixo da altura do terreno, a estrutura se refere ainda à estratégia pré-colombiana de semienterrar casas para protegê-las dos ventos.
Categoria: Residencial – Cidade
Projeto: Residência Belvedere
Escritório: Anastasia Arquitetos
As proporções do terreno levaram os profissionais do Anastasia Arquitetos a projetar esta casa, em Belo Horizonte, sem espaços de transição. Em busca de amplitude, o escritório adotou um recurso certeiro: a integração de ambientes internos e externos. Na moradia, de 370 m², os limites entre interior e exterior se misturam para criar uma nova espacialidade. Grandes vãos e varanda em balanço ajudam a reforçar a proposta. Arrematadas por vidros opacos, amplas aberturas, na frente e nos fundos da construção, exploram luz natural e ventilação cruzada. A planta retangular estende-se até as divisões laterais do lote e traz um desenho de linhas retas, com uma solução brutalista nas paredes superiores: de concreto aparente, elas apresentam visual marcado pelas fôrmas de madeira usadas na moldagem do material.
Categoria: Residencial – Campo
Projeto: Residência em São Francisco Xavier
Escritório: Nitsche Arquitetos Associados
Diante do desafio de erguer uma casa no alto de uma colina em São Francisco Xavier, SP, com um vale a seus pés, o estúdio paulistano Nitsche Arquitetos Associados optou por uma construção leve, pré-fabricada, marcada por transparências. Apenas a plataforma de concreto que define o piso foi executada na obra. O refúgio, de 392 m², se vale da implantação adequada para oferecer conforto térmico o ano todo. Associado à orientação solar, o layout permite a entrada de luz e calor durante o inverno e proteção no verão. Pelas fachadas envidraçadas, a área principal se nutre da paisagem exuberante. Já o setor de serviço e a sauna, voltados para a parte plana do lote, criam um pátio acolhedor no local de 24 mil m². Elevado do terreno, o projeto preserva a porção original de solo permeável à água da chuva.
Confira a lista completa dos premiados:
Edifícios Industriais
Estúdios de Cinema – Mauro Munhoz Arquitetura
Edifícios Comerciais – até quatro pavimentos ou 500m²
Galeria Concreta – GCP Arquitetos
Edifícios Comerciais – acima de quatro pavimentos ou 500m²
SAP Labs – Eduardo de Almeira + SIAA
